HISTÓRIA
Um dos objectivos gerais da EFAO é a ajuda humanitária. Este fundamental objectivo serve de guia e eixo prioritário por onde desenrolar e organizar toda uma série de actividades na esfera do desenvolvimento humano, tomado na diversidade dos seus vários domínios e aspectos, e centrado na dignidade e integridade da pessoa.
Quando a Delegação da EFAO na República de Moçambique, estrutura com natureza de missão permanente e com representação, foi estabelecida em 2019, desde logo se perspectivou organizar as condições e promover os meios e recursos para se conceber e implementar, neste país, um amplo programa de acção na esfera daquele objectivo, constituído como uma missão para o desenvolvimento humano e comunitário.
Neste sentido, carecia de encontrar-se, em primeiro lugar, a área geográfica de actuação e a população-alvo. Em segundo lugar, foi necessário estudar e analisar o contexto e situação actual encontrados, visionar-se o seu desenvolvimento futuro, a médio e longo prazo, e compreender a problemática associada. Em terceiro, foi preciso contactar e interagir com as pessoas, as comunidades locais e seus representantes, de modo a se estabelecer as condições necessárias e iniciais para o engajamento de todos, num espírito de amizade e cooperação efectiva, e de forma activa e em reciprocidade.
Estes trabalhos preparatórios e iniciais conduziram, finalmente, em 2020, a estabelecer Majajane como o centro geográfico por onde irradiar a acção e influência ao abrigo de tal programa, a começar pelas pessoas, as famílias e as estruturas da comunidade local.
Majajane é, localmente, conhecido como uma figura e líder comunitário ancestral que deu origem ao nome do território que tem agora o seu nome. Majajane fica literalmente adjacente às importantes áreas de conservação nacionais, nomeadamente a Reserva Especial de Maputo e a Reserva Marinha Parcial da Ponta do Ouro, e inserida na estratégica área de conservação transfronteiriça de Goba & Usuthu-Tembe-Futi (Lubombo Conservancy). Majajane fica também relativamente próximo da cidade e capital Maputo, onde se encontram situadas as grandes universidades, institutos de investigação, hospitais e centros de saúde, museus, centros e galerias de arte, agências e operadores turísticos, mercados abastecedores, órgãos de comunicação social e outras entidades da sociedade moçambicana, incluindo as empresariais. Este posicionamento permitiu pensar, no contexto do programa idealizado, numa série de interligações com essas entidades, promovendo-se, dessa forma, uma ampla rede de trabalho em conjunto e em parceria, visando incrementar os factores de escala, dimensão e impacto gerados. Estas interligações são, pois, a base das forças e dos factores para se implementar o desenvolvimento sustentável integrado, o cerne modal da acção da EFAO.
Faltava conceber e implementar a unidade orgânica que iria liderar, coordenar e implementar o programa, designado por Missão Majajane. Assim nasceu o Centro Majajane, que é uma instituição de índole humanitária, com carácter multidisciplinar, dotado de autonomia, comprometido com o desenvolvimento humano e o progresso da sociedade, a cultura, a justiça social, a cidadania esclarecida, a paz universal, a valorização da vida, a filosofia do desenvolvimento sustentável e, portanto, aberto ao mundo e às pessoas.
Finalmente, transcreve-se aqui uma parte introdutória da carta constitucional da EFAO, que se aplica muito apropriadamente e agora na génese da Missão Majajane:
Contudo, dever-se-á atender que alcançar os objectivos delineados requer não só o trabalho de muitos mas uma continuidade no tempo, sem perda de estímulo e de energias renovadoras. Neste propósito, dever-se-ão criar as condições ou factores humanos que proporcionem a regeneração de novas gerações daqueles que manterão, por um lado, o espírito vivo dos Fundadores, e, por outro lado, uma leitura sempre atenta dos novos condicionalismos e factores que surgirão no desenvolvimento futuro. Desta forma, serão estas novas gerações que irão encontrar as novas respostas aos novos desafios emergentes, na criação de novos projectos e programas de acção, mantendo a coesão e a existência própria da instituição, e o permanecer fiel ao espírito da missão, garantindo a boa orientação na prossecução da visão estabelecida.
Assim, é necessário entender o papel fundamental dos vários grupos sociais e a privilegiada função da família no processo educativo, o núcleo primordial onde se transmite a cultura entre os seus membros, dos progenitores aos filhos, e onde, pelo exemplo dado por cada um, se podem emular as acções a tomarem-se, e respeitarem-se valores e princípios. O maior património está, pois, nas ideias criadoras dos seus membros e na sua capacidade de acção e trabalho.
Deve-se atender à primaz importância desta base social, pois só ela poderá garantir a existência e o permanecer vivo deste espírito novo, transmitindo-se de geração em geração. Ainda que não possamos previr as forças que vêm com o futuro, poderemos, contudo, aspirar a nunca perder o sentimento que nos une a todos, a viver em paz e em amor com toda a família humana, a nunca perder o poder de apreciar a beleza do mundo, a viver sempre com alegria em todos os momentos, mesmo os mais difíceis, e, finalmente, a nunca perdermos o contacto com o maior sentido de todos: o sentido da vida.