HISTÓRIAS
A minha viagem à Ilha de Inhaca
Cheguei a Maputo no dia 16 de Outubro de 2021. O ar quente, a atmosfera tropical recebeu - me agradavelmente. Cheguei à terra de onde saí de tenra idade com o meu irmão Carlos. A nossa querida Mãe deixou - nos no aeroporto e entregou - nos a uma hospedeira do avião que seguia para Lisboa, lindos e aprumados. Não mais voltei! Eis - me aqui regressada com as memórias presentes dos tempos maravilhosos e felizes que vivemos com os meus Pais e irmãos.
Foi - me apresentada a ida à Ilha de Inhaca por se tratar de um local paradisíaco, uma reserva natural, com praias de sonho e paisagens genuínas e tropicais. Partimos, eu e a Emília ( natural de Inhaca) no dia 29 de Outubro de 2021 na carreira, um barco grande com marcas de ferrugem e de desgaste do tempo.
Demoramos a sair de Maputo uma vez que para além dos muitos passageiros ( a maioria naturais de Inhaca), transportava mercadoria diversa, cimento, arroz, bebidas e as malas e sacos cheios das compras que são necessários à vida da população de Inhaca . Diziam - me que alguns bens são escassos e mais caros que Maputo. O barco enchia - se de tudo o que era possível imaginar e sentamo - nos num banco lateral, com ripas de madeira branca. Arrancou, então, a carreira fazendo um barulho de motor ensurdecedor, acompanhado das conversas dos passageiros, alguns que já não se encontravam há muito tempo e punham a conversa em dia. Duas horas aproximadamente chegamos à Ilha mas o barco ficou ao largo do ponto de chegadas e partidas. Já se admirava a Ilha de Inhaca, a Ilha dos Portugueses e o movimento em terra dos que esperavam os passageiros em fila, que iriam viajar de regresso a Maputo. Disseram - me que tinha de me descalçar pois iria meter os pés no mar antes de chegar a terra. Não percebi... Começo a ver pequenos barcos, a ir e vir, levando as pessoas a terra. Chegou a nossa vez. Fiquei sentada com as malas, os sacos, a lancheira, a meio do pequeno barco do lado do mar. O vento soprava e à medida que o barco fazia o seu trajecto as pequenas ondas batiam e molhavam - me. Na saída, voltei a molhar as calças que trazia. Enfim terra firme. O pai da Emília, o Pedro Singa ficou de nos ir buscar mas ainda não tinha chegado. Arrastamos a bagagem para a saída e fui interpelada por dois guardas que me davam as boas vindas com o pagamento de 200mtcs, por ser estrangeira, obrigatório pois contribuía para ajudar na preservação da Reserva natural de Inhaca. Então lá chegou o Pedro todo atarefado pois tinha vindo a pé de sua casa, uma hora de caminho. Já tinha contratado um jeep com motorista. Sentamo - nos no jeep aberto e lá formos por aqueles caminhos de terra e areia. Paramos na vila para comprar o que restava para nosso alimento. Fomos à mercearia da vila, um armazém amplo recheado de produtos para venda e com dois funcionários que se arrastavam de um lado para o outro. O dono da mercearia estava dentro dum pequeno escritório e à medida que os produtos eram pedidos, num caderno de linhas tomava nota dos produtos e preços à mão, calculava o total com uma pequena máquina de calcular e lá ia despachando os clientes. De seguida fomos ao mercado da vila, com frutas, vegetais, ovos, a maioria produtos da terra. E lá seguimos por caminhos de terra e areia, aos solavancos, entre troncos e folhas, baixando a cabeça para não sermos apanhados e arranhados. Chegamos à casa de família do Pedro e da Emília e estava à nossa espera a linda Ana Paula, mulher e mãe da Emília. Um espaço amplo entre coqueiros e arvores com a casa, rodeada de várias casinhas. No centro estava uma espécie de bar em madeira com garrafas de várias bebidas. O espaço estava enfeitado com bóias de barcos penduradas nas árvores. Tinha um espaço de cozinha e de lavar a louça, um lavatório com escovas e pasta de dentes, uma tenda onde se aquecia água em lume de lenha, outra onde se tomava banho de caneco e água quente. Muito bom.
E os dias passaram de visita aos lugares mais emblemáticos da ilha : Estação de Biologia Marítima de Inhaca, Canal Santa Maria, Reserva Natural de Inhaca…um verdadeiro património cultural a preservar.
O mercado de produtos naturais, vegetais e frutas, o oceano sem fim, praias brancas e de águas quentes.
Os resorts e as casas misturadas e enquadradas numa paisagem de coqueiros, catos verdejantes e um cheiro a terra e mar.
Por fim voltei com vontade de voltar!