1.
A génese do Centro Missão Majajane tem por base a pessoa humana, o fundamento sobre o qual se constrói e desenvolve a civilização, em todos os seus aspectos e domínios. A pessoa humana, individualmente tomada, é o centro e pilar donde nasce e evolui todas as formas organizacionais da humanidade, desde a simples família, comunidade, tribo ou grupo étnico-cultural até às nações, e todas as outras estruturas da sociedade tais como as empresas, instituições, organizações regionais, internacionais, multilaterais, e todas as demais organizações da sociedade civil. A civilização é hoje um complexo vivo de formas e modos de interacção entre esta diversidade de estruturas, em permanente dinamismo, evolução e que reciprocamente se influenciam e actuam. Noutro sentido, esta complexidade é também visível na esfera intangível, isto é, no mundo das ideias, dos valores, dos princípios, das crenças, dos hábitos e costumes, ou seja, aquilo que permanece como o pano de fundo invisível aos homens, estabelece as suas mentalidades e determina o paradigma vigente de uma época e suas gerações. É esse pano de fundo que dá estrutura, sentido e valor à vida dos homens, individualmente ou em sociedade. Assim se vê e compreende que a pessoa humana está no princípio e no fim deste todo processo, que simultaneamente envolve e é envolvido pela humanidade, e nunca tanto quanto hoje as decisões individuais tomadas por cada um têm um impacto tão grande na sociedade e no mundo natural.
2.
Com estas ideias em mente, o Centro Missão Majajane cedo definiu como sua missão fundamental o contribuir para o desenvolvimento humano e comunitário, promovendo, para o efeito, a criação de ambientes para a melhoria dos modos de vida e bem-estar das pessoas, das famílias e suas comunidades, proporcionando as condições os meios e os recursos para o integral desenvolvimento da pessoa humana na realização das suas potencialidades, talentos e aspirações, através da acção caritativa, de assistência, de filantropia, de beneficência, de solidariedade social e de outras acções de carácter social e cívico. Neste sentido, organizou a sua actividade, na esfera do desenvolvimento humano e comunitário, em áreas de intervenção, integrando programas, projectos e outras iniciativas. Faltava agora formular e implementar um programa central e transversal que fosse ao encontro dessa missão através de uma ligação mais próxima, directa e íntima entre as pessoas, possibilitando a umas e a outras um conhecimento mais aprofundado das realidades locais, e uma interacção frontal. A base do programa constrói-se à luz dos princípios da solidariedade, da filantropia, da beneficência, e da cooperação, numa lógica de desenvolvimento, aprofundamento e fortalecimento das privilegiadas relações e laços históricos de amizade e cooperação estabelecidos entre povos, países, e continentes, particularmente entre portugueses e moçambicanos, a um nível, e entre europeus e africanos, noutro.
3.
Todo o ser humano que cresça e se desenvolva num ambiente saudável, seguro, favorável e sustentável, incluindo com os meios e recursos indispensáveis à sua educação e ensino, será uma pessoa mais equilibrada, mais instruída, mais capacitada, mais saudável e mais feliz. Essa pessoa, quando adulta e no domínio das suas qualidades e capacidades, será um agente fundamental para a construção de um mundo mais seguro e saudável para toda a humanidade, pois todo o ser humano tem em si o gérmen de um enorme potencial.
4.
A pobreza, incluindo a pobreza extrema, é um dos maiores flagelos da humanidade. A pobreza tem várias dimensões e manifesta-se numa grande diversidade de aspectos, muitas vezes não imediatamente visíveis, e, por isso, não devidamente apreciados ou compreendidos. Com este programa, pensamos contribuir um pouco mais para a sua supressão. O sucesso alcançado por este programa servirá de importante guia e referência para a sua implementação noutras localidades, territórios e países. Temos presente que só pelo exemplo poderemos influenciar os outros.
5.
Ao proporcionar-se uma ligação mais próxima e directa entre as pessoas e suas comunidades, poder-se-á combater a ignorância de uns sobre os outros. Esta ignorância é também uma forma de pobreza, gera a desconfiança recíproca e agudiza os antagonismos que promovem e alimentam as guerras. Por isso a construção da paz está intimamente ligada à irradicação da pobreza. O homem, enquanto indivíduo ou em sociedade, no curso do desenvolvimento civilizacional, perpetuamente se defronta com as relações e conflitos dele para com ele próprio, dele para com os outros homens, e dele para com a natureza. Desses conflitos têm resultado, ao longo dos tempos, impactos que conduziram a humanidade até aos dias de hoje onde se encontra face a uma situação crítica e num ponto singular de viragem civilizacional. A resolução desses conflitos, a que poderemos designar de realização da paz universal, é uma urgente prioridade.
Assim pensamos. Assim cremos. Assim desejamos.